segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O amigo e o tempo


Outro dia, uma querida postou que São Paulo é a cidade da resistência.
E que, entre tantas coisas, resistimos também as boas amizades.
Embora tenha adorado a publicação, pensei diferente.
E acho que isso vai muito além das fronteiras paulistanas.


O grande desafio é manter boas amizades à longas distâncias.
E nem falo de geografia. Falo de tempo.
Não tem como mantermos contato com os amigos como antes.
Nossa vida muda o tempo todo. Se não a nossa, a dos outros.
As agendas não vão bater. 
Você tem aula de segunda e quarta.
Seu amigo de terça e quinta.
Sexta tem aquela festa e seu amigo marcou um happy hour.
Então fica pra semana que vem, sem problemas.


Amizade é – acima de tudo – respeitar.
Respeitar as mudanças e as prioridades.
E entender que isso não quer dizer que você é menos importante.
Amizade é respeitar o esforço do outro, também.
Respeitar o compromisso, se comprometer.
A gente vacila, todo mundo vacila. 
Mas se a amizade vale a pena, a gente dá um jeito.
Tenho praticado um exercício diariamente:
O exercício da aceitação.

Mas e se a gente não conseguir driblar o tempo, o orgulho ou as vaciladas?
Nos cabe aceitar que agora o amigo fica só no coração.
As histórias sempre vão existir.
Afinal, amizade tem disso.



Umas são de lurex, outras de algodão.
Umas perdem a cor e outras, não.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Cagando Regras

O mundo é divido entre dois tipos de pessoas:
As que comem Danoninho em uma colherada só e as que comem devagar, saboreando cada ml daquele iogurte cremoso de morango.
Se questionadas sobre o porque elas comem a sobremesa daquela forma, as duas vão tentar te convencer que este é jeito certo para de se fazer.

Assim é a vida.

As pessoas acham que são donas do senso comum.
Acreditam que o que elas tomam como verdade deve ser universal.
E foi assim que esses “Guardiões do Segredo da Felicidade” começaram a fazer as famigeradas listas.

Quem nunca recebeu, por exemplo, por e-mail ou abriu o link de “25 coisas para ser mais feliz” ou “30 coisas para se fazer antes dos 30 anos”?

Tá lá que eu tenho que parar de me preocupar com dinheiro.
Tenho que ficar loira pelo menos uma semana antes dos 30 anos.
Ah, é? Eu tenho? Quem disse? Alguém que com certeza é uma pessoa muito mais feliz, realizada e não tem nenhum tipo de problema na vida?

Não, obrigada. Não tenho a menor vontade de aprender a pilotar uma moto, também.

Mas de uma forma ou de outra, a gente acaba se rendendo à algumas destas listas de regras por algum tempo ou às regras que nós ou que nossos amigos nos impõem.
Soube do caso de uma mulher que foi sair com um cara e foi severamente aconselhada:

“Não fala muito! Homem não gosta de mulher que fala demais.”

Com medo, ela seguiu o conselho. E bebeu. Bebeu sem parar, porque era o que restava. Claro que, embora tenham ficado, não rolou nenhuma conexão entre os dois, mesmo porque, como você quer ter uma ligação com alguém se você não é você?

Outro dia me peguei reprimindo um amigo que se dizia apaixonado. No meio da regrinha básica do “não se declara tanto assim”, pedi para ele desconsiderar tudo e apenas disse: “Vai, se é o você quer, vai. E deixa ver no que vai dar”.

A gente já tem que cumprir regras demais. 
Obrigatoriamente, para que possamos viver em sociedade, temos que cumprir milhares delas todos os dias. Se nas horas “vagas” tivermos que fazer isso também, nossa vida vira uma produção de fabrica, tudo muito mecânico e calculado.

Decidi que regras na minha vida só as de ortografia mesmo, e olhe lá.

E isso não é uma regra, é só um peso menos para carregar.