quarta-feira, 27 de maio de 2015

Um fio

A rotina frente ao computador era a mesma de tantos outros dias.
A seta para baixo descia displicentemente. Vez ou outra, um clique. Uma leitura.
O vídeo engraçado, seguido da nova campanha fofa da marca de perfumes.
Enquanto eu lia a resenha do novo álbum de uma cantora talentosa, olhei para o teclado.
Era o meu primeiro fio de cabelo branco e a primeira vez que sonhei com você.

Desde então, não foi mais um dia comum.
A vida, por sua vez, tornou-se qualquer outra coisa que eu desisti de tentar entender.
Acho que é aí que mora a graça do jogo.
A gente nunca sabe quando algo vai acontecer para modificar nossos dias.
De repente, quando menos esperamos, estamos distribuindo sorrisos largos sem nenhuma obrigação.
Porque a vida tem disso.
O mundo talvez esteja nos seus dias finais. A bomba pode estar prestes a estourar.
Mas existe qualquer razão que nos faça ver as coisas de uma forma particularmente leve.

A vida tem disso.
O sábado de manhã que dura até as três da tarde, com almoço que vale pela janta.
Os ensaios de uma dança que não existe, mas que inventa-se como desculpa para ficar mais perto.
A energia que parece não ter fim, mesmo quando a lombar começa a arder e os pés reclamam por se ter atravessado três bairros a pé para evitar o trânsito.
Tantos momentos que parecem eternos e que por este mesmo motivo se tornam suficientes.

A vida tem disso.
Uma pena ser breve. Ser passageira. Ser dedicada a tantos outros momentos que nem precisam tanto da nossa atenção.
Foi meu primeiro fio de cabelo branco e a primeira vez que sonhei com você.
Que sonho seria se cada fio trouxesse este tanto de devaneio.
Mas a vida não tem disso. 
Infelizmente.



quarta-feira, 13 de maio de 2015

Nota de Agradecimento

Quanto mais velhos vamos ficando, mais temos a sensação de que o tempo passa rápido demais.
Parece que foi ontem que eu estava voltando de viagem de fim de ano e quando me dei conta, já estamos no meio do mês de maio.
E cada dia que passa, mais urgência temos em fazer as coisas. Em pagar as contas. Em cumprir as promessas. Em ter. Em acontecer. Em viver.
E no meio de tanta preocupação e afobação, nunca temos tempo para parar e ver o que estamos fazendo das nossas vidas.
A gente vai fazendo. Se der ruim, a gente conserta. Se for sucesso, ótimo! Estamos no caminho certo.
Numa dessas foi que eu me senti sufocada. No meio de tanta vida, eu queria parar um pouco para observar o que estava acontecendo com a minha.
Senti a necessidade de olhar de fora. Queria ser a espectadora da minha história para avaliar se estava tudo bem, o que tava faltando, o que estava sobrando e se era isso mesmo que eu queria.
Numa dessas, durante uma conversa calorosa no grupo do whatsapp onde piadinhas e risadas empolgadas misturavam-se a ideias de um novo negócio, à reclamação do emprego atual, a críticas sobre o mercado de trabalho, a referências e informações relevantes, à noticia do novo affair (mentira, essa eu inventei HAHAHAHA), eu me peguei observando e agradecendo em silêncio a sorte de tê-los na minha vida.
Sim, estou falando dos meus amigos. 
Comecei a lembrar de tantas vezes que eu estava na pior, sem bons drinks, e eles estavam lá para dizer alguma coisa que me fizesse acreditar que o dia seguinte seria melhor.
Lembrei de todas as coisas que aprendi trocando informação com cada um deles.
Lembrei dos momentos bons, dos momentos ruins e dos momentos importantes.
E agradeci mais uma vez por tê-los por perto.
O papel que nossa família exerce na nossa vida, parece que já vem assinado em contrato vitalício. A gente sabe que pode contar (ou deveria).
Mas as pessoas que encontramos pela vida e que, sem obrigação nenhuma, se sentem bem em nos ajudar e fazem questão em estar com a gente de um jeito ou de outro, merecem um muito obrigada. 

Parar, respirar, observar e agradecer.
Devíamos fazer isso mais vezes. 
Valorizaríamos as pessoas certas, descartaríamos as pesadas e permaneceríamos em paz com nós mesmos. 

Obrigada, AMIGOS!