Outro dia conversando com alguns amigos falávamos sobre a
culpa.
A culpa é um bichinho escroto que aparece constantemente em
nossa vida e nós, como seres não evoluídos que somos, estamos sempre buscando
algum rabo para colocá-la.
Uma das minhas amigas disse: Sabe quando eu fico mais puta?
Quando não encontro ninguém para colocar a culpa e tenho que aceitar que a
culpa é toda minha.
Achei ótimo!
Todo mundo na mesa riu. Afinal, nada mais
bonito do que você assumir que SIM, você também tem que aguentar a culpa na sua
lomba, coçando, irritando até que você entenda que culpas vão e vem durante nosso percurso na vida. Quando nos entendemos com elas, elas vazam de lá.
Se as coisas não acontecem é porque a vida é uma bosta; é porque Deus não é justo; é porque o mundo é uma droga. E se nada colar, a
culpa é do governo.
Aliás, ta aí um cara que leva culpa, mas desconfio que use anestesia.
Nunca se incomoda, nunca sente nada. Continua vivendo impunemente como se o
assunto não fosse com ele.
É difícil aceitar que ficamos saudosos do passado e
esperançosos com o futuro e nada fizemos para que o dia tivesse sido melhor,
produtivo.
É difícil carregar a culpa quando é nossa. Quando os outros
jogam-na pra gente, apenas lamentamos a incapacidade desse alguém em entender
que ele falhou, que ele se negou a encarar o problema, a decepção. Então somos
culpados pelo simples fato de termos sido mencionados no meio da confusão.
Acho que vou me preocupar mais em extinguir as culpas que
fui obrigada a carregar na lomba por pura falha minha e aceitar que só eu sou
culpada pelas minhas cagadas.
Ouvi dizer que aceitar dói menos.