Ando pensado muito sobre o
desejo.
Acho que quando não se tem
muito o que fazer, a gente acaba pensando mais sobre as coisas.
Reflexão, coisa e tal.
Eu gosto muito de estudar as
relações humanas.
Ali, olho no olho; na fala; na
ação.
Fico observando como elas se
dão, como se desenvolvem.
- Como vivem? Do que se
alimentam? –
E comecei a achar que essa
coisa de relações duradouras são relativas.
E acho também que já escreveram muito sobre isso. Mas não estou querendo inventar a roda.
Falam muito sobre o segredo de
um casamento feliz, duradouro, eterno.
Eu não sei se tem a ver com o
meu problema com o “para sempre”, que me causa medo.
Mas começo a achar que
relacionamentos saudáveis – seja afetivo ou de trabalho – tem a ver com desejo, não com o tempo que duram.
Desejo não é tesão.
Tesão é efêmero demais. É
abrangente demais. É fácil demais.
O desejo é aquele outro
negócio.
A gente pode até confundir com
tesão. (e acho até que a gente confunde muito)
Mas o desejo tá um pouco mais
pra cima dessa parede que o tesão faz a gente escalar.
Ele não é saciável facilmente,
tampouco começa do nada.
Desejo está perto de algo que
faz a gente ir um pouco mais fundo.
O tesão mantém relações
afetivas entre casais.
O desejo torna as relações
prazerosas e marcantes.
A gente precisa desejar o
outro.
Não só ter tesão pelo corpo, pela
fala ou pelo jeito que o outro te pega.
Relacionamentos sem desejo são
conformistas.
E acabam quando um dos dois começa a desejar algo de verdade.
Não é que não deu certo.
Não deu para continuar ali no morno. No tesão ocasional. Na piada batida. Na rotina.
Desejo é o que move o mundo.
Se desejamos fazer uma grande
viagem, trabalhamos mais.
Se desejamos ser aprovados em
algo, estudamos muito.
Se desejamos obter sucesso,
batalhamos.
Sem desejo a gente não sai da
cama.
A gente não enfrenta fila, nem
ônibus lotado.
Sem desejo a gente não vai pra
frente, nem pra trás.
Ficamos estagnados. Vazios. E
tristes.
Acho que a gente ta precisando
desejar mais.
Querer mais. Querer muito.
Tesão por tesão a gente sente
até assistindo filme ruim.
E olha que não são poucos...