quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Uma música sem melodia

A gente se rasga
Se conserta
E sorri porque o dia amanheceu
Parece até que a vida é boa
Parece que o amor valeu.

A ladeira lá de casa
Não é pra qualquer um subir
Mas a gente não se cansa
E sobe até dançando
A gente sente que o mundo é a gente
E pra vida a gente tá pronto mais uma vez

E quando acabar
Eu imprimo aquela foto
Só pra te encontrar
E ter onde escrever
Um último poema
Sobre o nosso amor

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Quase 14

Hoje me dei conta que este ano vai completar 14 anos que meu pai foi embora.
Embora pra sempre.
Em matéria.
Não em espaço.
Porque uma vez que habitou, sempre será aquele lugar na mesa de jantar.
E aquela piada entre um assunto e outro.
A lembrança que vira e mexe volta na mente de tanta gente.
"A pessoa mais engraçada que eu já conheci", eles dizem.
Memórias.
Mas hoje, ao me dar conta do tempo que passou, percebi que é muito.
Em 14 anos eu poderia ter tido um filho que hoje seria adolescente.
Me graduei, pós-graduei, intercambiei.
Amei, desamei.
Cai, levantei.
Virei tia.
Fui madrinha de casamento algumas vezes.
Passei por - pelo menos - uma dezena de empregos.
Realizei.
Viajei.
E lembrei dele quase todos os dias.
Sempre aquele quentinho no coração.
Aquela sensação de "como seria se..."
Sonhei realidades fantasiosas da gente passeando por aí.
E todas as vezes acordei um ser humano melhor para o mundo.

Hoje me dei conta que daqui a pouco completará 14 anos que meu pai foi embora.
E que em 14 anos cabe uma vida inteira.
De saudade.