Não há como negar a inacabável reclamação de toda uma
sociedade carente de afeto.
E isso não vem de hoje e nem veio por conta das
redes sociais. Desde que há festa de família e aquela tia sem noção que
pergunta E O (A) NAMORADO (A)?, há no mundo a vontade de morrer, de jogar fora
toda a educação que sua mãe passou anos tentando te ensinar e mandar sua tia para
a puta que a pariu. Tudo isso porque você também se faz essa pergunta quando vê
sua prima mais chata e/ou baranga com um namorado.
É, eu quero dizer que sim, a culpa também é da tia. Porque
os seus amigos nunca te perguntam sobre namorados(as), afinal, ou eles estão no
mesmo barco que você ou desistiram de tocar nesse assunto.
No fundo eles acham que você não colabora. Provavelmente sua mãe, irmã(o) entre
outros, também.
E beeem lá no fundo você tenta negar, mas sabe que não está
cooperando mesmo.
Mas espera aí! Você é socialmente ativa(o), tem vários compromissos aos finais de
semana e quando não, no meio da semana também; tem mais de 400 amigos no
facebook, estuda, trabalha e é rodeada(o) de gente?
Foda-se.
Dos compromissos nos finais de semana (e durante a semana), quantos casos você
tirou deles? E os amigos do facebook? Rola um flerte? Na faculdade, no trabalho?
O nome disso é preguiça de gente. É, preguiça. Chega
um pico da vida que você começa a ter preguiça das pessoas. Hoje, com tantas
ferramentas para se conhecer uma pessoa antes mesmo de falar OI para ela, a
preguiça é cada vez maior e precoce.
E então que um amigo colocou o pau (!) na mesa: Na verdade tá todo mundo
procurando no lugar errado.
E estamos mesmo. Porque no fim das contas, acabamos por preferir estar com os amigos
nos mesmos lugares de sempre do que encontrar alguém. Mesmo reclamando depois
de não ter com quem jantar na quarta à noite ou ir no cinema naquela terça sem
graça.
Vivemos o tempo que a revolução de sofá invade relações amorosas.
Fico no aguardo da petição contra o comodismo e a marcha de gente legal,
interessante e disponível na Paulista.