terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Sobre o apego

A festa foi ótima.
O sangue vai esfriando e os pés começam a latejar um pouco, mas foi bom ter dançado a noite inteira.
Bateu aquela tonturinha padrão depois da saidera já na luz do dia, mas o pedaço da pizza na padaria vai rebater.
No táxi, quase chegando em casa, o pensamento começa a querer ir para outro lugar.
A placa de aluga-se no prédio baixinho de sacadas verdes distrai a cabeça e saltam aos olhos algumas peculiares que não havia observado antes.
Talvez porque faz tempo que aquele caminho não é percorrido durante o dia.
Já é dia.
Merda.
O sono vai demorar para chegar.
Um pouco de dificuldade para acertar a chave na fechadura, mas entramos com sucesso.
Os pássaros cantam animados contrastando com o que se vê no espelho: rímel borrado, cara de derrota e sono.
Banho.
Acalmar o corpo vai ajudar a dormir.
Na cama, olhando para o espaço vazio do lado esquerdo, vem aquela sensação conhecida:
Você não queria voltar para casa - mais uma vez - sozinha.
Começa a se tocar porque talvez gozar antes de dormir seja uma boa ideia.
O sono chega mais rápido.
6 horas depois os olhos se abrem atentos.
Você até tenta dormir de novo, mas o dia está acontecendo.
Domingo tem o incrível poder de te lembrar de tudo o que se foi.

O dia amanheceu silencioso, estava frio e você acordou com um bom dia e uma gozada.
Domingo tinha o incrível poder de ser aconchegante.
O café da manhã ficou pronto enquanto você estava no banho.
Empolgados com os sabores na mesa, vocês começaram a planejar o almoço.
Sem pressa.
Ainda eram 11h da manhã e nada melhor do que voltar pra cama de barriga cheia.
No supermercado, aumentaram a receita e decidiram fazer, também, uns bolinhos para o fim do dia.
Quando acordou do cochilo pós sexo, percebeu que já era noite de novo.
Bateu fome e preguiça de ir embora.
Começar a semana seria duro depois de um dia tão carinhoso.

Mas você precisa começar o domingo.
Este do tempo presente.
Sozinha.
Sem café da manhã.
Sem sexo.
Sem planos para o almoço, muito menos para o lanche da noite.
Quando a vontade de entrar para dentro de si mesma começou a chegar você saiu e lembrou da armadilha da saudade: ela sempre faz o que foi melhor do que era.
Os pássaros não cantam mais.
Quem escolhe o que vai ouvir é você.
Aproveite e se ouça.

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