terça-feira, 18 de junho de 2013

Como eu entendo tudo isso?

Existe muito o que falar sobre os últimos dias no Brasil.
Hoje, uma amiga italiana veio me perguntar o que está acontecendo por aqui, pois ela viu vídeos e não entendeu muito bem.
Tive o prazer de explicar.
Mas expliquei o que eu entendo. E o que eu entendo pode ser um pouco diferente do que as outras pessoas que também estão nas ruas - e que não estão - entendem.

Pois, bem.
O Movimento Passe Livre, criado em 2005 depois de uma série de protestos contra o aumento do transporte público em algumas cidades do país, tem o objetivo de fazer com que o transporte público seja gratuito e de qualidade.
Neste ano, com o aumento da tarifa no estado de São Paulo, o MPL chamou a população às ruas contra este aumento e foi surpreendentemente atendido.
Milhares de pessoas deram - e estão dando - suporte ao MPL ocupando vias públicas de grande movimento como a avenida Paulista.

O motivo? Estamos todos cansados.
O abuso do governo no povo vem ocorrendo há anos e nós sempre deixamos passar.
Sempre protegidos pela máxima: Não vai dar em nada.
Mas chegamos no limite. É por R$0,20? Sim. Mas não é SÓ por R$0,20. São estes centavos somados há tantos outros que tiram de nós em troco de nada.
É como se disséssemos: JÁ CHEGA! VOCÊS FORAM LONGE DEMAIS.

O Brasil está estressado com o péssimo funcionamento de tudo: hospitais, escolas, lazer, transporte.
Já chega. Cansamos de ser passivos. Cansamos de achar que está tudo bem se no fim da semana vamos nos encontrar com a família e com os amigos, tomar uma cerveja e falar bobeira.
Já chega.
Mas na minha cabeça existe um foco: revogar o aumento no ônibus.
E não podemos nos aproveitar do objetivo do MPL para querer mudar tudo de uma só vez.

A mudança, primeiro, começa com o voto. No que eu defendo o voto nulo, forçando a reforma política.
Depois, com o fato de querer manifestar por sentir-se parte de uma nação e não para ter uma história para contar.
Incitar a violência ou apoiá-la?
No anos 60, um grupo de pessoas LUTARAM contra a ditadura militar; a falta de liberdade de se expressar para que hoje possamos ter uma opinião pública sobre alguma coisa.
Para que eu e tantos outros pudéssemos ter um blog. Para que qualquer um pudesse criticar o governo. Para que pudéssemos escolher alguém para nos representar no senado.
Dá para contar nos dedos quem aguentaria metade do que aquelas pessoas aguentaram oprimidos pela ditadura.

Vejo pessoas nas ruas hoje provocando uma ditadura militar para entrar na história do Brasil.
Mas não sei se alguém ali tem culhão para ser Marighella.

Se o que vocês queriam eram um registro de que "lutaram" para mudar o Brasil, parabéns. Vocês já o tem.
Agora não atrapalhem quem realmente luta por melhorias. Cada coisa de uma vez e organizadamente.

Não adianta querermos ao mesmo tempo que a tarifa reduza, que a Dilma saia do governo, que cancelem a copa, que construam mais escolas e hospitais.
Agora que temos noção do impacto que podemos causar, vamos aproveitar para reivindicar por melhorias sim! Para vermos o destino dos nossos impostos pagos.
E deixar claro que a palhaçada acabou por aqui.

É assim que eu entendo estes dias.
Existe uma causa e é por ela que me junto a este movimento.

Que este seja só o começo de uma nova era.




Nenhum comentário:

Postar um comentário